Sunday, November 04, 2007

Capítulo XVII.

A porra do celular não parava de tocar. Detesto ser acordado. Deixei tocar, mas insistia e, quando atendi, ouvi aquela voz feminina perguntando:
_Alô! Sabe quem ta falando?
_Alice?
_Não.
_Sofia?
_Ta tão cotado assim é?
_Vai logo, fala quem é de uma vez por todas.
_Se você não identificar minha voz o quanto antes, vou começar a questionar minha atitude, desligar o telefone e esquecer tudo o que você falou. Ou você anda declamando poemas pra todo tipo de mulher no meio da rua?
Jesus Cristo! Era ela! Como voltar a terra, evitar um colapso e, ao mesmo tempo dar uma resposta convincente num espaço de dois segundos? Aí ela insistiu:
_Que foi, ficou mudo?
_Não. Tô tentando me acalmar.
_Então, vai responder a minha pergunta?
_Qual?
_Se você sempre declama poes...
_Só quando é a mulher dos meus sonhos.
_E eu sou essa mulher?
_Tem alguma dúvida?
_Infinitas.
_Me dê uma chance de te mostrar.
_Que horas?
_A hora que você quiser.
_Ta assim é? Não trabalha nem estuda não?
_Nada é mais importante do que ser agraciado pela sua luz.
_Quando tiver pronta te ligo. Você tem carro?
_Nem sei dirigir.
_Quando ligar agente marca em algum lugar. Como é que um homem desse não sabe dirigir?
_Mas sei outras coisas.
_Um dia eu te ensino a dirigir.
_Lua meu bem, não fale em futuro, ele é só uma suposição. Deixa só ouvir a sua voz e ser feliz.
_Valeu! Depois te ligo.
_Ligue!
_Beijos!
_Outros!
Ela desligou e eu comecei a andar pelo quarto querendo ordenar as idéias e correr e sair gritando e esqueci universidade, trabalho, a hora do almoço, meu avô de câncer, o aviso de corte da empresa fornecedora de energia, que eu era alguém, que tinha uma história e que era uma entidade no universo.
Só havia aquela criatura em meu olhar. Meu deus, nem dormi com ela e já estou alucinado. É melhor manter o controle e recarregar o celular. Tenho que bater uma gelada ou então terei uma úlcera de ansiedade á espera de um telefonema.
Há certos momentos nos quais chego a acreditar que é bom, muito bom viver.

Capítulo XVIII.

Vou trocar uma idéia com meu bom e velho amigo Tom Raiva, ver o que anda escrevendo, se está sofrendo. O cara sabe sofrer por um grande amor e seus poemas revelam esse dado. Vou aventurar se ele ta em casa. O cara não gosta de celular, TV, internet, shopping center, vizinhos, sorrisos de cordialidade, imagens sacras, monóxido de carbono, a entonação de ritos tibetanos, comida americana, os imensos seios e a falta de bunda das mulheres do Tio Sam, o hino nacional, estupradores, ladrões e assassinos, pessoas do senso comum, intelectuais, artistas que se acham artistas, encontros de escritores, quem não conhecia Hendrix ou Rimbaud, carros de corrida, moda, estilo, meninos do rock, bolacha recheada, os signos do zodíaco á exceção do signo de câncer, fita do senhor do bom fim, acarajé e azeite de dendê, evangélicos, budistas, mulçumanos, católicos, judeus e qualquer gatinha que não caísse em suas mentiras. As que fingiam que caíam no seu papo sempre mereciam um poema. As que o amavam de fato nunca mereceram uma linha e isso ele justificava com Ciranda de Drummond.
A casa do maluco era no final do Feira VI, quase na divisa com o Pau-de-Légua e, pra minha sorte, a criatura estava em casa na frente da máquina de datilografar, ouvindo o lado B de Tattoo You com um baseado na boca sem se tocar que dava pra ver todo o interior de seu coió por uma fresta do portão, aí eu gritei:
_Ô Tom!
_Peraí! – E fez um sinal com as mãos, parecia que estava inspirado. Nunca escrevia sem estar iluminado. Escrever pro cara nunca foi trabalho, era apenas uma forma de transformar toda aquela angústia e exacerbada sensibilidade em algo concreto. Levantou, tirou o papel da máquina, abriu o portão e veio com esse poema saído do forno:


“Que todas as clarezas sumam dos teus olhos
Freqüentemente cegos para mim
Em sussurros e água limpa
Pura, incongruente e fria
E dispenso teu sorriso
E abomino o seu perdão.

Mas se tive seu amor
Se te perdi
E se as ondas do naufrágio
Que ninguém viu,
Nem mesmo você,
Teimam em banhar
O céu, a lua e a sujeira
Dos teus pés descalços?

E temos que andar
Testemunhas de sonhos que agonizam
Prontos pra se enveredar
Por nova esperança,
Noutro milagre
E finda
Lento,
Só, incerto, mas sincero.

Em cada estrela-cadente
Eu gritava o teu semblante
Esperando misericórdia
De algum deus que compreenda
Que não há como esquecer
Ou simplesmente
Prosseguir.

Deixa a vida bater
E açoitar os nossos corpos
Sem que peçamos ao meteorito
Que fingia ser estrela que caía
E cortava o meu vazio
E consolava meus cabelos.”

Dava pra notar que, enquanto eu irradiava alegria e expectativa com Luana, meu amigo sofria de fato. Aí eu tive que perguntar:
_ Meu caro, quem pode merecer esses versos?
_Se eu contar você não vai acreditar.
_Conte logo essa merda e pare de xurumelas.
_Qual foi a mulher que eu sempre achei a mais bonita da UEFS e tinha que sair de perto dela pra não começar a babar?
_Marília?
_Consegui meu caro, parece som na voz de Cássia Eller: “O amor me pegou e eu não descanso enquanto não pegar aquela criatura”. E peguei.
_Mas Marília...
_Eu sei que ela também gosta de menina, mas isso não chega a amedrontar.
_Mas deveria. Lembro que uma vez estávamos no bar de Zé Burugudú e Marília passou com aquele semblante magnífico que mais se assemelhava a uma índia norte-americana. Apache ou siuxie, sei lá. Aí você olhou para o céu e exclamou: “meu Deus, quando terei uma dessas?”.
_Meu brother, tinha me esquecido desse detalhe.
_Agradeceu ao ser supremo?
_Vou fazer isso agora – E se ajoelhou no quintal e começou a berrar pedindo obrigados e mais obrigados. E começou a chorar e me disse:
_Sabe aquele momento no qual toda essa porra começa a dar alegria, que você esquece de comer ou se olhar no espelho e que e toda sua vida parece subsistir a esse instante? Meu amigo, nunca usei droga mais viciante que aquela guria, perfeição de químicas feromônicas, toque incomparável, irresponsabilidade e leveza...
_Calma porra, você não já sabe como essa onda toda é ou sua percepção só serve pra escrever versos?
_Mas ela parecia que estava amplamente ligada a mim, foram seis dias consecutivos de loucura, entrega e abnegação.
_E ela sentiu isso?
_Pelo que ela me disse, acho que sim - E começou a se levantar e limpar os joelhos.
_Esqueceu uma coisa?
_O quê? – E colocava os óculos escuros e as lágrimas desciam sob a lente.
_Marília tem quantos anos?
_Vinte e um.
_Entenda que essa geração é completamente descrente na profundidade de sentimento, tem que ser tudo bem superficial com pitadas de pós-modernidade. Perderam a capacidade de amar. A covardia de se entregar é inerente a essa contemporaneidade. Viveram a deterioração da relação dos próprios pais. Mas de que adianta te dizer tudo isso se a palavra nos traí e nada poderia definir esse surpreendente estado de espírito?
_Sempre gosto de falar contigo, depois de tudo ela me disse que não sabia ao certo o que estava sentindo, que ao mesmo tempo queria ficar comigo e me mandar ao inferno.
_Será que a lua hétero dela está murchando?
_Sei lá, não queria fazer suposições, só queria que ela voltasse. A vida sem ela passou a ser bem pior que antes de tê-la.
_ Deve ser muito difícil morar na terra pra quem viveu o paraíso.
_Rafa, como é que tudo pode ser, ao mesmo tempo, escuridão e luz?
_Nada é mais barroco que a vida velhinho. Fico aqui te dizendo o que você sempre me disse a vida inteira, parece que sou uma espécie de Platão que retorna todo o pensamento ao próprio Sócrates.
_O que você acha que pode acontecer?
_Nessa sua história?
_Sim.
_O amor não merece opinião alheia.
_É verdade...
_O passado meu caro, só existe quando, no presente, somos atormentados por marés de delicias que nunca voltariam. E o futuro? Até as necromantes fazem suas previsões dentro do presente.
_ “quem não tem presente se contenta com futuro”, mas meu presente sem ela é uma merda.
_Vamos bater uma gelada?
_Demorou!

Capítulo XIX.

É mais que evidente que tivemos que torrar um back que não tinha mais tamanho antes da cerva e, enquanto nosso amigo fechava a massa, ele veio com as habituais brincadeirinhas:
_Já fumei Marília umas cinco vezes essa manhã.
_E o gosto é bom?
_É sério, enquanto ela não aparece sem avisar, fico como um cão à espera do cio de sua fêmea. Cachorro que trata, aperta e fuma incessantemente até que ela chegue. Preciso fazer algo pra distrair a mente. As baladas do Led estão terminantemente proibidas.
Fumamos e continuamos a conversa até o bar de Zé.
_Ela gosta de boa música? _Gosta, só que ainda está engatinhando.
_Porque só o seu conceito estético que é elevado?
_Peraí, ou daqui a pouco você vai vir com aquele papo medíocre de que é tudo uma questão de gosto.
_Menos...
_.Zé!Traz uma véu de noiva na moral.E aí, naquele dia? Como foi seu encontro com minha professora?
_Terrível! Me apresentei, mas ela disse que era casada – Eu sempre fui meio supersticioso, nunca revelava nada sobre uma mulher até que ela ofegasse sob meu edredom. Nem mesmo pra um grande amigo, ainda mais um amigo que se encontra perdidamente alucinado por uma criatura inconstante e belíssima que pode leva-lo a insanidade.
_Eu não te falei sacana que ela era casada?
_Da próxima vez vou te ouvir com mais atenção, mas eu passei grande parte de meus dias te ouvindo, filho da puta! Uma hora temos que agir por nossos próprios calcanhares.
_Ok. Esse celular que ta tocando não é o seu?
_ É, é o meu – Atendi, mas era uma funcionária do setor jurídico da empresa de cartão de crédito que eu tinha dado o calote e ela perguntou:
_Com quem falo?
_Rafael de Oliveira.
_Bom dia senhor Rafael. Aqui é do sistema jurídico da mastercard. No momento consta uma dívida em aberto no valor de 2700 reais em seu nome. O senhor gostaria de parcelar esse valor?
_Espere um pouco – disse o que se passava e passei o celular pra Raiva que começou:
_Sabia que você tem uma bela voz?
_Senhor, esta conversa está sendo gravada.
_Você deve ser daquelas advogadas burguesinhas que se formaram em faculdades particulares e acreditam que existe lei até pro orgasmo. Só transa com gente de seu estrato social. Algum juiz, desembargador ou promotor que faz você se sentir um lixo depois de se vender.
_E aí Tom, que é que ela ta falando?
_Deu bom dia e desligou.
Assim que Tom me entregou o telefone, ele começou a tocar em minha mão. Deixei chamar mais um pouco pra que não transparecesse que aquele telefonema era a coisa mais importante de minha história recente. Era ela:
_Ta onde seu maluco?
_No abominável mundo do Feira VI.
_O que você sugere?
_Minha casa.
_Tem garagem?
_Tem.
_Assim que chegar aí te dou um toque. Beijos!
_Infinitos!
Ela desligou e eu esvaziei o copo como água, e a curiosidade de nosso amigo se manifestou:
_Quem é essa Rafa capaz de deixar sua cara com essa débil expressão de felicidade?
_Depois te conto.
_Já sei, se me contar não vai dar certo, você tem que comer a criatura primeiro, mas aí quando vale a pena, o senhor transforma em prosa.
_Meu velho, tenho que vazar agora, depois agente se fala. Vou deixar essa paga.
_Ta vendo? Seu velho amigo na fossa e você o abandona por uma carne mijada. Elas são capazes de fazer o mundo girar, eu sei.
_E eu vou girar junto com o mundo. Vou nessa.
_Valeu.
_Gostei do poema.
_Só!
E saí em disparada sem nenhuma misericórdia de meu camarada. Nossa dor é artigo de uso pessoal e intransferível. E pensava em Lua sem ouvir o som dos meus passos e pensava no fim. Pare de tragédia, o lance nem rolou e você já sente que vai acabar? Mas tudo tem um fim, não tem?
O que foi que terminei de dizer? Que só existe o presente, então vou tratar de viver esse instante. Sentido, carreira, prestígio, ideologia, crença e qualquer outra concepção que queiramos dar a essa árvore da vida não possui significado algum. Se a humanidade pudesse perceber a grandiosidade de amar. Parece papo meio hippie, mas fazer o quê?

Capítulo XX.

Porra, ela já ta chegando e a casa ta um lixo. Eu tinha alguns minutos pra comprar papel higiênico, uma vez que só pegava os dos banheiros da UEFS, limpar o banheiro superficialmente jogando detergente no vaso, organizar a pia da cozinha e esconder no quintal os pratos e copos que são verdadeiras colônias de fungos, sem falar das baganas e sementes e talos e pedaços de seda espalhados por toda a casa. Nunca contava a uma mulher que fumava maconha antes de ter a plena certeza de que ela aceitaria até mesmo um homicídio. Ou o leitor esqueceu da gatinha de pedagogia alguns capítulos acima?
Como assassinar o tempo até ela ligar? Tenho que fazer a barba, tomar banho, cortar as unhas e escovar os dentes pra diminuir esse barrunfo. Não, tenho mesmo é que ir ao mercadinho comprar um papel higiênico e uma pastilha extraforte.
A caixa do mercadinho tinha uma cara de vadia ao extremo com aquela leviana expressão de puta com chicletes na boca. Quando passava o troco ficava olhando pra seus olhos como se quisesse chupar sua pica. Tom Raiva já deu umas voltinhas nela. Disse que parece atriz pornô. Que uma certa vez, ele e Flávio ficaram revezando com a criatura a noite toda e os dois ao mesmo tempo em orifícios diversos e esses lances habituais em películas pornográficas.
Quando ia comprar leite de manhã ficava com desejo de enrabar a figura, mas só tinha vontade no horário de serviço dela. Mas que dava vontade, isso dava!
No que ia abrir a carteira, ouvi o celular:
_Onde é sua casa?
_Não tem aquela rua entre a UEFS e o Feira VI?
_Sim, fale.
_Siga direto até a última esquina do conjunto, minha casa é a da esquina.
_Valeu, me espere na porta.
Paguei e saí em disparada pra chegar antes, mas ela me alcançou no meio de minha rua:
_Vai pra onde com essa pressa bonitão? Quer carona?
_É claro – E parei de correr, controlei a respiração e entrei no carro dela, ou do marido, sei lá!
_Qual é a sua casa?
_Aquela da esquina á esquerda.
Desci do carro, abri o portão pequeno e, por dentro da casa, abri o da garagem e ela entrou em sua abóbora em formato de automóvel.
_Vai declamar quem hoje pra mim? Por acaso seria Shakespeare? – Lua vestia uma calça jeans apertadíssima e uma blusa branca de crochê deixando a barriga de fora ao descer do veículo azul-marinho.
_Não Lua. Hoje faremos poesia – E me aproximei, ela tentou dissimular, mas peguei em seu queixo, depois em sua nuca e o beijo fora inevitável. A suavidade labial e aquele hálito inefável pareciam poderosos deja-vus que me escravizariam pra o resto de meus dias, mas o receio poderia estragar aquele instante. Por isso me entreguei como um fanático em presença da própria divindade adorada, sentei-a em meu colo no sofá, escorreguei meus calos pelas suas costas, abri o sutiã, mas ela repeliu segurando meu braço:
_Esqueceu queridinho que as mulheres aprenderam com suas antepassadas que nunca devem se entregar na primeira noite?
_Por quê? Eu te acharia uma puta? E, além do mais, é dia ainda.
_Não, quanto maior a vontade, maior o prazer.
_Se você quiser eu espero a vida toda.
_Menos. Vou nessa, acho que não tô fazendo a coisa certa – Ela se levantou, fechou o sutiã e se dirigiu até a varanda.
_O que não seria a coisa certa? Trair seu marido?
_Não, me relacionar contigo antes de resolver minha vida.
Pairou um silêncio de ampulheta entre nós e ela quebrou a monotonia:
_Me arruma um copo com água?
_Gelada?
_Não, misturada.
_Rapidinho! – abri a geladeira, peguei o vaso, coloquei metade de água gelada e a outra metade completei do filtro. Liguei o som enquanto ia levar a água. Entreguei-a, ela bebeu, veio em minha direção e começou a se questionar enquanto eu, que havia novamente sentado no sofá, admirava sua beleza com cara de idiota querendo se camuflar.
_Seria uma merda não seria?
_O quê Lua?
_Se eu estragasse nosso primeiro encontro com meus questionamentos existenciais – E começou a tirar a blusa, jogou-a em meu rosto e até hoje posso sentir a textura do tecido e lembrar a límbica magia dos movimentos dos seus quadris enquanto descia a calça mirando toda a perplexidade em meus olhos. Ela tinha noção do seu poder e, com toda a magnitude de um milagre, sentou no meu colo, tirou o sutiã, passou a mão esquerda no meu rosto e me beijou como a um santo com os olhos entreabertos. Eu não podia ter pressa, mostrar que queria chegar ao objetivo final e aterrar toda a beleza do momento. Queria absorve-la pelos meus poros, senti-la completamente e beijei a sua nuca, ela gemeu e foi deitando no sofá. Eu levantei, ajoelhei-me no chão e comecei a alisar todos os milímetros do seu corpo e beijei e lambi todos esses mesmos milímetros e tirei a calcinha e Vênus visgava muito em meus dentes, em minha língua, em meu esôfago e eu beijava aquela bocetinha deslumbrante e bebia aquele sumo e Luana começou a gozar e afastar minha cabeça com as pernas trêmulas. Respirou profundamente, ficou um tempo olhando para o teto e falou:
_Vou tentar retribuir a altura – E minha pica jamais imaginaria que uma boca como a de Lua iria envolve-la em sonhos, calor e carícias siderais.
Ela pediu pra que eu ficasse de pé:
_Você se ajoelhou pra eu gozar, agora é minha vez – E passou a língua desde a virilha até a cabeça da pica e foi colocando quase todo na boca e tirando suavemente em movimentos sucessivos e eu tive que pedir pra ela parar pra não gozar, mas ela insistiu, só que eu me ajoelhei, beijei sua boca e deitei-a no chão.
Lua abriu as pernas e minha vida se abriu impulsionada pelo impossível aparentemente finito, materializado em paisagem carnal e sacra, musicada por nossos corpos em abandono, perdidos de nós mesmos, perdidos em nós mesmos desde agora.





Capítulo XXI.

É claro que não poderia deixar o leitor de fora do ambiente, sem sentir que além de toda a miraculosidade inerente a um sonho, ainda tocava To Love Somebody na voz sem comentários de Janis no exato momento em que Lua, deitada no chão sujo da sala, recebia toda a minha paixão transmutada em sêmen que escorria de seus quadris e me estendeu os braços maternalmente e nos beijamos como condenados e começou a tocar Kozmic Blues.